Muitas pessoas não conhecem a origem dos Strip Malls, que surgiram nos Estados Unidos. Por lá, eles ocupam espaços gigantes e reúnem diversos serviços de conveniência, alimentação e necessidades básicas, servindo de inspiração para replicar o modelo por aqui. No Brasil, no entanto, o perfil dos Strip Malls é um pouco diferente.
A primeira diferença diz respeito ao nível de renda da população. Enquanto, nos EUA, os custos imobiliários são mais equilibrados, com empreendimentos espalhados pelas cidades, no Brasil os imóveis têm custos altos por conta do adensamento das grandes metrópoles. Outro aspecto favorável por lá, é a maior facilidade de deslocamento, em razão de uma melhor malha viária, e menor incidência de congestionamentos, enquanto, no Brasil, o comércio está predominantemente localizado dentro ou nas proximidades dos bairros residenciais, o que implica na disponibilidade de terrenos menores e, por consequência, empreendimentos de menor porte. “Nos EUA, os Strip Malls estão em terrenos de 20 mil metros quadrados a 30 mil metros quadrados, com Área Bruta Locável (ABL) entre 10.000 e 15.000 metros quadrados, enquanto que, por aqui, encontramos Strip Malls em terrenos entre 2 mil 10 mil metros quadrados, com ABL entre 2 mil e 5 mil metros quadrados”, afirma Marcos Saad, sócio fundador da MEC Malls. Diante desse fato, o perfil dos Strip Malls no Brasil apresenta algumas peculiaridades. A seguir, você entende melhor como eles se comportam por aqui! Strip Malls e o interior das capitaisÉ exatamente por conta da escassez de terrenos, e do alto custo imobiliário nas grandes cidades, que boa parte dos Strip Malls estão localizados no interior e no entorno das grandes cidades no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Strip Malls (ABMalls). Nas grandes cidades, as incorporadoras também são grandes concorrentes, porque os centros de compras ocupam em torno de 40% dos terrenos e o restante é destinado a vagas de estacionamento, ou seja, são terrenos que também têm vocação para edifícios comerciais, o que inviabiliza muitos negócios. Existem casos em que a solução é o desenvolvimento de projetos multiuso, com torres comerciais, residenciais, hotéis e o Strip Mall. Por ser um investimento mais econômico do que construir um Shopping Center tradicional, além de atender a uma população menor, residente na área de influência primária, investir e viabilizar um Strip Mall é mais compatível com a realidade de uma cidade menor, por exemplo. Neste cenário, surgem variantes dos Strip Malls, com versões maiores que podem comportar escolas, grandes laboratórios, e até salas de cinema como, por exemplo, o Villa Multimall – empreendimento da MEC Malls localizado em Santa Bárbara d’Oeste. Há, ainda, os Power Centers, normalmente localizados em regiões periféricas às grandes cidades, ou em rodovias próximas às cidades do interior, que englobam grandes âncoras e, em alguns casos, prédios comerciais e/ou residenciais. Perfil dos Strip Malls no BrasilAtualmente, a maior parte dos empreendimentos – 66%, segundo a ABMalls – tem apenas um piso. Quando há o segundo andar, ele normalmente concentra operações de destino, como academias, laboratórios de análise clínica e salões de cabeleireiros. Na comparação com a realidade americana, o Brasil ainda está muito atrás em termos de quantidade. Para se ter ideia da força dos Estados Unidos neste segmento, há empresas com 200 a 300, e até mais de 1.000 empreendimentos cada, que valem alguns bilhões de dólares. Por aqui, a maior empresa do setor tem cerca de 40 projetos em operação. Existem algumas centenas de Strip Malls no Brasil, ao passo que, por lá, encontramos várias milhares. “Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas já percebemos a intensificação dos empreendimentos de Strip Malls no interior e nas grandes cidades, especialmente durante a pandemia”, completa Saad. “Parte desse sucesso se deve à mudança no perfil do consumidor, que busca o varejo de proximidade para resolver demandas do dia a dia e economizar tempo”, conclui. |